terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Douro - Plano de Gestão: Regadios espanhóis vão retirar 14% do caudal a barragens portuguesas





Douro - Plano de Gestão
Regadios espanhóis vão retirar 14% do caudal a barragens portuguesas

O troço português do Douro vai perder 14% do caudal, com reflexos negativos na produção hidroelétrica, caso se confirme a expansão dos regadios espanhóis, estima a proposta do Plano de Gestão da Bacia Hidrográfica daquele rio.

O documento, elaborado pela Administração da Região Hidrográfica do Norte, está em debate público até 03 de abril, tal como as propostas similares para as bacias do Ave/Leça/Cávado e Minho/Lima.

O relatório técnico da proposta assinala que a exploração do potencial hidroelétrico do Douro é uma "oportunidade" ainda a explorar, mas contrapõe com a "ameaça" traduzida na retenção de 14% do caudal que habitualmente flui de Espanha, consequência direta expansão dos regadios espanhóis esperada para o período entre 2015 e 2027.

Com uma extensão total de 927 quilómetros (208 em território português), o Douro é o terceiro maior rio da Península Ibérica. A bacia que lhe dá o nome abrange 98.000 quilómetros quadrados (19.000 em Portugal), integrando nove sub-bacias, com 361 rios, 17 albufeiras, três massas de água de transição e duas massas de água costeiras.

Trata-se de uma bacia "condicionada por diversas atividades e fatores críticos que, em determinadas circunstâncias, podem desencadear acidentes com repercussões graves para o meio hídrico", afirma o relatório, que alude à existência de dez unidades de armazenamento de substâncias perigosas.

Outro risco, este a corrigir até 2013, relaciona-se com a falta de planos de emergência internos homologados em 11 dos 30 aproveitamentos hidroelétricos mais problemáticos (classe I, segundo os critérios do Regulamento de Segurança de Barragens).

Apesar de o cenário ter uma probabilidade de ocorrência "muito baixa", uma rotura em qualquer das barragens teria efeitos "muito significativos em termos de perdas humanas e materiais", adverte o documento preparado pela Administração da Região Hidrográfica do Norte.

Numa referência à poluição nos aquíferos da bacia, a Administração da Região Hidrográfica responsabiliza sobretudo os esgotos domésticos.

Em termos de CBO5 (quantidade de matéria biodegradável presente num período de cinco dias), a rejeição de águas residuais urbanas contribui com cerca de 74% da carga poluente total.

Medindo outro parâmetro - a carência bioquímica de oxigénio (CQO) -, os esgotos urbanos já passam a representar 97% da carga poluente total.

A sub-bacia com maiores cargas, para todos os poluentes analisados, é a do Douro, pela sua dimensão e número de população, seguida da do Tâmega e da do Côa.

Ao nível do abastecimento de água a partir de captações na bacia duriense, a proposta de plano assinala problemas com o armazenamento em localidades do Nordeste, incluindo Bragança.

O "stress hídrico" da massa de água da albufeira do Azibo é responsável pelo problema de Bragança e "constitui também ameaça que esteja a ser encarada a hipótese de aumentar a extração de água nessa albufeira", afirma o documento.


Destak/Lusa, in Destak - 27 de Dezembro de 2011

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