segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Tâmega - Ribeira de Pena (Viela): Aldeia vive em angústia, esperando a barragem de Daivões





Tâmega - Ribeira de Pena
Viela: aldeia vive em angústia, esperando a barragem de Daivões
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A emblemática ponte de arame terá de ser removida e recolocada 
noutro sítio, disse o presidente da Câmara de Ribeira de Pena


Em Ribeira de Pena, Viela poderá ser uma aldeia inviável por causa da construção da barragem de Daivões, no rio Tâmega, já que grande parte das suas casas e terrenos agrícolas poderão ficar submersos.A emblemática ponte de arame terá de ser removida e recolocada noutro sítio, disse o presidente da Câmara de Ribeira de Pena.

Na aldeia os rostos são de preocupação pelo futuro e pela falta de informação. “É claro que estamos preocupados, a barragem pode levar as nossas coisas, mas ainda ninguém dos explicou como isto vai ser”, afirmou à Lusa Serafina Fernandes.

A moradora na aldeia de Viela apenas sabe que os técnicos da barragem, que por ali andaram, lhe pediram os documentos da casa, construída há sete anos com o dinheiro ganho na Suíça, e dos terrenos que ligam a moradia ao rio Tâmega.

O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) das Barragens do Alto Tâmega aponta para mais de 70 as habitações que estão em área inundável em Ribeira de Pena.

Na pequena aldeia de Viela serão entre 13 e 15, dependendo da cota da barragem, mais a estrada de acesso e 80 por cento de toda a sua área. Na Declaração de Impacte Ambiental (DIA) é mesmo referida a necessidade de se estudar a viabilidade futura da aldeia.

No entanto, “a falta de informação concreta é o pior de tudo”, salientou Serafina Fernandes, que se recusa a ir viver para um apartamento. É que, explicou à Lusa, regressou à aldeia para dar “as melhores condições” à filha: Agora, "só sabemos que a barragem vai ser construída. Não sabemos as medidas, nem exactamente onde vai chegar a água”.

Na casa ao lado, também em frente ao rio, José da Silva Fernandes, 77 anos, diz-se descansado porque tem a certeza que a barragem já não vem no seu tempo. “Já falam há 30 e tal anos na barragem. Na altura em que fiz a casa vieram cá e disseram-me para não gastar mais dinheiro e assim ficou, nem pusemos mosaicos na cozinha nem na varanda. Estamos à espera até agora”, salientou.

Também Luís da Silva diz que as incertezas quanto à construção do empreendimento “são muitas”. Com casa construída em Viela há 33 anos, este residente está à espera que lhe digam alguma coisa. “Falta saber para onde havemos de ir, estamos à espera do que dizem. Se fazem uma casa ou nos dão dinheiro. Que remédio nós temos senão mudar daqui, não podemos ficar no meio da água, não é?”, afirmou.

O presidente da Câmara de Ribeira de Pena, Agostinho Pinto, até era a favor da construção dos empreendimentos quando foi anunciado o Plano Nacional de Barragens. Agora, afirma que mudou de ideias porque, depois de fazer as contas, chegou à conclusão que o concelho vai ser muito afectado e não vai ganhar nada.

“A nossa preocupação não é só com Viela, mas com todo o impacto que as barragens vão provocar em Ribeira de Pena”, salientou. É ainda em Santo Aleixo, Manscos, Friúme, Ribeira de Baixo ou Balteiro, onde casas e terrenos agrícolas vão também ficar submersos, são as redes viárias e o património como a emblemática ponte de arame. “Esta ponte terá que ser removida e recolocada em outro sítio”, salientou.

Apesar de a DIA ter sido aprovada condicionada à construção das barragens à cota mais baixa, Agostinho Pinto acredita que Daivães vai ser construída à cota maior, de 231.“Com menos uma barragem a Iberdrola vai produzir o mesmo. Têm que subir a cota às barragens”, justificou.


in Esquerda.Net - 9 de Agosto de 2010

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