domingo, 14 de março de 2010

AMARANTE: Centenas de manifestantes contra barragens no Vale do Tâmega






AMARANTE:
Centenas de manifestantes contra barragens no Vale do Tâmega


Os manifestantes, na maioria jovens, concentraram-se no centro da cidade, junto à ponte e ao mosteiro de S. Gonçalo, e colocaram cartazes junto ao rio alertando para os impactes negativos na natureza da construção de cinco aproveitamentos hidroelétricos no Tâmega

Amarante, 13 mar (Lusa) - Centenas de pessoas do Vale do Tâmega protestaram hoje em Amarante, gritando palavras de ordem contra a construção de cinco barragens neste rio internacional.
Os manifestantes, na maioria jovens concentraram-se no centro da cidade, junto à ponte e ao mosteiro de S. Gonçalo, e colocaram cartazes junto ao rio alertando para os impactes negativos na natureza da construção de cinco aproveitamentos hidroeléctricos no Tâmega, anunciados pelo Governo no âmbito do Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH).
“O país não pode estar alheio ao que se passa no Tâmega, o país tem de estar solidário com o que se passa aqui”, disse à Lusa o líder do movimento Amarante sem Barragem, Emanuel Queirós.
Para aquele activista, o Vale do Tâmega tem sido “desconsiderado pelo poder político nacional”.
“Fizeram a venda do nosso principal recurso nas costas de toda a população. Venderam e estão a pensar retalhar o Tâmega, fragmentando em seis grandes albufeiras [Fridão terá duas barragens], fazendo com que o Tâmega deixe de ser rio e a água deixe de correr livremente”, vincou, no final da manifestação.
Durante várias horas, dezenas de pessoas de várias povoações do Vale do Tâmega, de Chaves a Amarante, incluindo membros de várias organizações ambientalistas nacionais e locais, como a Quercus e Geota, gritaram palavras de ordem, frisando que, “pela primeira vez, está-se a levantar a voz do Tâmega”.
Emanuel Queirós disse acreditar que “a luta, a partir daqui, está instalada na consciência dos cidadãos”.
Também Ricardo Marques, da Quercus, se mostrou convicto de que a manifestação de hoje “pode ajudar a inverter o processo de construção de barragens”.
O ambientalista insiste que o estudo de impacte ambiental relativo à Barragem de Fridão, em Amarante - a maior das cinco que estão previstas para o Tâmega, - “foi mal feito e tem graves problemas técnicos”.
“Não foram feitos os estudos sobre os impactes cumulativos das novas barragens e não foram estudadas as alternativas. O Governo associa as barragens à solução de determinados problemas, mas nós não vemos a questão dessa forma, porque há alternativas”, disse.
Ricardo Marques defende que as cinco barragens no Tâmega “representam no máximo 1,6 por cento da electricidade em Portugal, o que é irrelevante em termos de independência energética e em termos de alterações climáticas”.
No final da manifestação, os participantes confraternizaram num piquenique realizado numa zona verde da cidade, junto ao rio.
A Barragem de Fridão é uma das 10 que constam do Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico, afectando território dos concelhos de Amarante, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Mondim de Basto.
A discussão pública do Estudo de Impacte Ambiental da Barragem de Fridão terminou a 15 de Fevereiro.

Armindo Mendes / Lusa, in Expresso de Felgueiras, ionline, Diário Digital, Sol - 13 de Março de 2010

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