sábado, 23 de maio de 2009

Barragem à cota máxima inunda melhores terrenos (Alto Tâmega - Vidago)







Câmara receia que a Iberdrola queira aumentar a cota do empreendimento de Vidago
Barragem à cota máxima inunda melhores terrenos

A Câmara de Chaves receia que a Iberdrola construa à cota máxima uma das quatro barragens previstas no Tâmega e se percam os melhores terrenos agrícolas de três aldeias. A empresa garante que a cota ainda não está definida.

As apreensões da autarquia, que já está a elaborar um documento para enviar à empresa espanhola e ao Governo português, surgiram depois de a firma contratada para fazer o levantamento das expropriações necessárias à construção do Empreendimento Hidroeléctrico do Alto Tâmega (Barragem de Vidago) ter contactado as populações de Anelhe, Vilarinho das Paranheiras e Arcossó. É que, à cota prevista no estudo que deu origem ao concurso (312), a albufeira atingiria apenas uma pequena parte da localidade de Arcossó. Ora, para a autarquia, esta é a prova de que houve alteração da cota. "À cota que estava prevista, o concelho de Chaves praticamente não era atingido. À cota 322, que é aquela que, pela zona a expropriar, se percebe que pretendem avançar, são abrangidos 200 hectares a mais", lembra o presidente da Câmara de Chaves, João Batista, que já reuniu com a população das aldeias em causa.

Os moradores das aldeias estão preocupados com o facto de ficarem sem os melhores terrenos agrícolas. Mas há outros "prejuízos". Além de algumas habitações, será submersa a nova Estação de Tratamento de Águas Residuais de Arcossó. Custou um milhão de euros. Também se perderão moinhos e uma ponte medieval. Segundo o autarca, o clima também será afectado, podendo mesmo estar em causa, por causa do nevoeiro, um campo de golfe de 19 buracos que faz parte do projecto de investimento da Unicer no complexo termal de Vidago. A Unicer diz não ter conhecimento da alteração do projecto.

De acordo com o presidente da Câmara, no documento que está a ser elaborado irá ser lembrado à empresa que "o direito que adquiriram por concurso foi à cota 312". "Vamos, aliás, propor uma cota inferior à que foi a concurso", garante Batista.

Confrontada pelo JN, a Iberdrola referiu que a cota definitiva será definida pela Declaração de Impacto Ambiental (DIA). "As cotas definitivas das barragens do Complexo Hidroeléctrico do Alto Tâmega serão as fixadas pela DIA que resultará do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). O EIA está em elaboração e irá avaliar todos os impactos", explicou Cândida Bernardo. A barragem de Vidago faz parte do Complexo Hidroeléctrico do Alto Tâmega, que inclui a construção de quatro barragens no rio Tâmega, até 2018, no âmbito do Plano Nacional de Barragens com Potencial Hídrico.

Margarida Luzio, in Jornal de Notícias - 23 de Maio de 2009

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